Câncer de Mama: perguntas que você sempre quis fazer!

O tratamento de câncer de mama varia de acordo com diversas características, como o tipo do tumor, o tamanho do tumor, a idade da paciente e quais os tratamentos realizados no pós-operatório. Com tantas particularidades, é comum que surjam muitas dúvidas sobre a doença.

Para tirar estas dúvidas, o Instituto Peito Aberto realizou, no dia 05 de novembro, uma live com a presença de pacientes e voluntárias do Projeto Saúde do Instituto, promovendo um bate-papo com as principais perguntas sobre a doença, que foram respondidas pela Dra. Ana Carolina Machado.

Confira a seguir as principais dúvidas sanadas na live!

1 – É normal ter dores excessivas após a cirurgia de retirada do quadrante afetado e de esvaziamento mamário?

Dra. Ana: Uma das questões que mais afeta as dores no braço é o esvaziamento axilar, que é a retirada de todos os gânglios da axila. Hoje em dia, quando não há sinais da doença nas axilas em primeira instância, os médicos optam pela realização da análise do linfonodo sentinela, que é o processo pelo qual se injeta um líquido que irá drenar o gânglio para esta análise sentinela e, caso haja diagnóstico positivo, realiza-se a retirada dos demais gânglios. Quando todos os gânglios da axila são retirados, isto afeta alguns nervos do braço, o que resulta na dor. O tratamento com radioterapia também pode causar uma piora na dor, junto à restrição de movimentos. Mas os exercícios auxiliam muito na movimentação e redução das dores.

2 – Quais as indicações para fazer a quimioterapia antes da cirurgia?

Dra. Ana: As duas indicações principais são: se você tem um tumor muito grande e não consegue operar em primeiro momento ou se você tem um tumor acima de um centímetro que seja triplo negativo. Hoje em dia, é importante que os médicos avaliem três aspectos para realizar o tratamento: o receptor de estrogênio, o receptor de progesterona e a proteína HER2. O tumor triplo negativo é negativo para estes fatores, sendo independente destas associações e consequentemente mais agressivo. Por ser mais agressivo, ele responde muito melhor à quimioterapia.

3 – É possível que uma pessoa que não sentia dor passe a senti-la após o início da medicação com tamoxifeno?

Dra. Ana: Sim. O tamoxifeno é muito associado a dores nas pernas e nas articulações, o que pode ser aliviado com a realização de atividades físicas.

4 – Quais dores são características de sinais de metástase?

Dra. Ana: Os principais sítios de metástase da mama são os ossos. Na maioria das vezes a metástase óssea não apresenta dor, mas quando se apresenta, geralmente ocorre na coluna ou no quadril. A metástase óssea é identificada principalmente em exames, e não em sintomas. Mas é importante ficar alerta a toda dor que aparece repentinamente ou que aumenta progressivamente, principalmente se vier com alguma perda de força ou de sensibilidade associada. Os outros sítios de metástase são o pulmão, com sintomas de falta de ar, e o fígado, com sinais de dores abdominais e alteração nas fezes.

5 – A radioterapia não é indicada para todas as pacientes. O que indica se a paciente passará pela radioterapia ou não?

Dra. Ana: Sempre que você realizar a retirada do quadrante, você faz a radio. Para que o quadrante tenha o efeito igual ao da mastectomia, é preciso associar à radioterapia. Além disso, se houver algum gânglio comprometido ou se for maior que cinco centímetros e atingir a pele ou o músculo, será necessário fazer a radioterapia.

6 – Tenho fibromialgia e mesmo realizando atividades físicas, sinto muitas dores. O que poderia fazer para amenizar estas dores?

Dra. Ana: A fibromialgia pode até piorar com o uso dos medicamentos, por isso o seu tratamento deve ser multidisciplinar, realizado junto aos exercícios físicos, alongamentos e demais atividades que trabalham o movimento dos músculos, além de cuidar do controle do estresse, da alimentação e do sono.

7 – O sono é muito importante para a melhora da qualidade de vida. Mas e quanto às pacientes que têm insônia, como proceder?

Dra. Ana: A paciente precisa avaliar como eram seus hábitos de sono antes, o que come a noite e como isso afeta seu sono, a prática de atividades físicas e até o uso do celular, que afeta muito a qualidade do sono. Para tratar a insônia, é importante realizar a higiene do sono e educar o corpo a ir dormir mais cedo. Mais importante do tempo que você dorme, é o horário que você dorme. O magnésio também ajuda muito nas questões do sono, mas é importante analisar cada caso e averiguar qual o procedimento mais eficiente.

8 – E pacientes que estão passando pela menopausa podem fazer a reposição hormonal?

Dra. Ana: Para as pacientes com câncer de mama, a resposta é muito individual. No cenário atual, as mulheres vivem mais tempo, inclusive após a menopausa. Se a pessoa entra na menopausa com a quimioterapia, a menopausa é abrupta, sem tempo de adaptação e transição, tendo sintomas mais intensos. A reposição hormonal, apesar de estudos apontarem que ele aumenta as chances de câncer de mama, deve ser feita com a análise quais hormônios são repostos, quais combinam adequadamente e como estou repondo estes hormônios (via oral ou transdérmica). Além disso, a reposição hormonal é indicada para quem tem um organismo com receptores equilibrados para receber esta reposição.

9 – Como diferenciar o inchaço de sobrepeso?

Dra. Ana: Pacientes que entram na menopausa durante a quimioterapia têm uma propensão maior a reter líquidos e ganhar peso, mas isso não perdura por um período muito longo. O efeito do corticoide, que causa esse inchaço e o ganho de peso, pode passar em seis meses, mas este tempo depende muito da prática de exercícios físicos e a alimentação como aliada. Além disso, a menopausa e o uso do tamoxifeno dificultam a queima de calorias e gorduras acumuladas, o que também torna o equilíbrio alimentar e a frequente prática de atividades físicas fundamentais.

10 – Por que algumas pacientes sofrem com demora na cicatrização e fibrose na mama operada?

Dra. Ana: Isso é muito individual da própria cicatrização da pessoa. Mulheres que têm pele com mais melanina têm mais tendência a formar queloide, mas isso também pode ocorrer pela técnica cirúrgica ou pelas características individuais de cicatrização da pessoa. Uma coisa que pode prevenir é a movimentação precoce, o massageamento e o estímulo do colágeno.

11 – Qual é o tempo ideal para trocar as próteses após a reconstrução mamária?

Dra. Ana: Depende do tipo de prótese. Tem pacientes que recebem próteses expansoras propositalmente colocadas para serem trocadas posteriormente, que é o caso da prótese expansora temporária, que é como uma prótese de silicone só que vazia por dentro, que vai ser preenchida com soro. O tipo de prótese que você irá colocar depende do tanto de pele que possui ou precisa tirar e se vai passar por radioterapia depois ou não. Se a sua prótese é expansora, utilizada para chegar ao volume de pele que deseja, você terá de trocar no futuro. Se você passa por radioterapia, tem de trocar logo após o término deste tratamento. As reconstruções com prótese de silicone, a princípio, não precisam ser trocadas, pois são vitalícias. Mas independente da prótese, é importante realizar o acompanhamento médico anualmente, pois só um especialista pode dizer se haverá alguma nova operação de acordo com o tipo de prótese.

Em nossa primeira live, estas foram apenas algumas das várias dúvidas que podem surgir quando se trata do câncer de mama. Se você tem mais perguntas que deseja tirar com o Instituto Peito Aberto, envie-nos uma mensagem com sugestão de temas para as futuras lives que iremos preparar!

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