Como lidar com a ansiedade após o diagnóstico do câncer?
Receber o diagnóstico de câncer geralmente desencadeia um turbilhão de sentimentos, abalando o emocional da paciente e também de seus familiares.
Isso porque, antes mesmo do início do tratamento, enquanto se espera para começar os procedimentos, a paciente encara medo, fragilidade, tensão e muitas outras emoções, que podem até mesmo piorar seu estado de saúde. Além de afetar o quadro clínico, também é comum que a paciente enfrente quadros de ansiedade.
Para lidar com a ansiedade, o autoconhecimento é fundamental. A reflexão e controle dos seus sentimentos contribuem e muito durante o tratamento contra o câncer.
Mas como exercitar o autoconhecimento?
Convidamos Adriana Grosse, psicóloga voluntária do Instituto Peito Aberto, para falar mais sobre o assunto.
“A psicologia voltada ao atendimento das pacientes com câncer de mama tem como foco o enfrentamento da doença, mas não apenas isto. Ela também visa tratar todas as nuances de situações potencialmente estressantes que a paciente possa enfrentar, trabalhando o autoconhecimento.
De acordo com a minha experiência nos atendimentos individuais feitos no Instituto Peito Aberto, com uma média de 12 pacientes, é evidente que, no primeiro momento, ainda prevalece o medo da morte e do tratamento. Por isso é tão importante, logo após o diagnóstico, já ter suporte de uma instituição onde se possa tirar dúvidas, pois são muitas mudanças físicas, psicológicas e da própria rotina.
Quando a paciente recebe o diagnóstico, nem sempre ela consegue processar todas as informações passadas pelo médico, devido ao seu estado emocional. Desse modo, eu percebo que a ansiedade já se faz presente antes mesmo da confirmação médica. Toda essa angústia surge quando se iniciam as buscas por médicos ou os vários exames realizados para confirmar a dúvida de um possível câncer. Então, quando ela recebe a confirmação, a paciente já está avançando para um transtorno de ansiedade.
Eu diria que entender seus sentimentos é muito importante na fase inicial, pois além do medo da morte, as fantasias que cercam o tratamento podem ter um impacto negativo no estado emocional da paciente, podendo agravar a saúde física. Muitas pessoas ainda acreditam que a quimioterapia mata ou acelera a morte, e todas essas crenças negativas têm um impacto no tratamento.
É também nesse primeiro momento que vêm à tona alguns sentimentos que já estavam ali, mas que ainda não haviam sido observados, como problemas de autoestima, conflitos com o parceiro (medo do abandono ou de não ter suporte), e diversos outros impasses pessoais.
Por isso, a melhor forma de lidar com a ansiedade durante o tratamento é através do autoconhecimento.
Seja pela psicoterapia, pela leitura, pelas terapias em grupo, pela meditação ou por conversas com outras pessoas, o autoconhecimento liberta. É essencial trabalhar a mente e entender que não temos o controle de tudo. A aceitação faz parte do processo da cura e de um tratamento de sucesso.”
Psicóloga Adriana Grosse
CRP 08/18360