Como o câncer despertou a arte em mim
Aqui no Instituto Peito Aberto nós programamos uma série de atividades durante a semana para que nossas pacientes possam encarar da forma mais leve possível a luta contra o câncer de mama. Uma dessas atividades é a Pintura em Tela, que acontece todas às sexta-feiras, em Nossa Oficina de Pinturas.
A Artista Plástica e Professora Voluntária do Instituto, Paula Carvalho, nos conta sobre a forte relação que a pintura tem com o auto-conhecimento das pacientes. Segundo ela, muitas meninas chegam na aula sem acreditar que serão capazes de realizar um pintura, mas que ao longo do tempo elas acabam se descobrindo e se apaixonando pela arte.
Mais do que inseguras em relação à pintura, muitas meninas chegam aqui no Instituto, fragilizadas em todos os sentidos. “O próprio processo do tratamento no combate ao câncer pode gerar dentro delas um sentimento de incapacidade. Então eu tenho observado nas alunas que o potencial que elas têm muitas vezes fica escondido no interior delas, justamente por essa fragilidade causada pelo momento difícil que estão vivendo”, afirma Paula.
Silvia, uma de nossas alunas da Oficina de Pintura, contou para nós, em primeira mão, como tem sido viver essa experiência das aulas.
Quando eu comecei as primeiras pinceladas eu achei que não ia conseguir, porque eu sou muito imediatista. Eu quero fazer e já quero acabar. Eu até me surpreendi com tudo isso. Surgiu um lado meu que eu não conhecia e que passei a conhecer através da pintura em tela: Eu descobri em mim a paciência.
O processo de descoberta aqui na Oficina é muito interessante, a pintura em tela possibilita que as meninas desenvolvam habilidades desconhecidas. Algumas pacientes já tem afinidade com a arte, porém outras nunca se imaginaram pintando uma tela e quando elas se descobrem, todo um processo interno de confiança e motivação é ativado.
Sobre esse despertar das meninas, a professora Paula comenta que todas elas são capazes de fazer algo que muitas vezes nunca imaginaram. “É um horizonte que se abre e amplia a mente delas nesse momento de dor. Elas passam a ter uma visão diferente de que são capazes sim de fazer algo que elas não acreditavam e isso desperta dentro de cada uma delas uma vontade de querer fazer sempre o melhor e ir atrás do novo. A pintura em tela tem estimulado isso dentro delas.”
Paula destaca também a importância das cores durante as oficinas. “As cores trazem harmonia ao coração das meninas. Na minha visão, nesse ano que estou caminhando com elas, vejo que a pintura despertou, através das cores, algo de muito valoroso que estava dentro delas mas que muitas vezes tinha adormecido.”
Hoje Silvia está terminando sua primeira tela e com muito orgulho diz que já está se preparando para a próxima. Para ela essa experiência têm sido extremamente importante, porque pintar foi algo que ela sempre sonhou, porém só depois que descobriu o câncer encontrou esse tempo para se dedicar a essa paixão. “Nessas tardes de sexta-feira eu me encontro. Eu falo para as meninas sempre irem, porque esse é um momento só para você e você. Você se transporta no que está fazendo.” Nossa guerreira fala ainda sobre as conquistas que têm levado para a vida.
Eu me descobri artista, aqui em casa fico inventando um monte de arte depois da aula de pintura. Então assim, é muito bom. É muito gratificante. Esse espaço que o Instituto abriu é maravilhoso, ajuda muito a gente, principalmente em nosso psicológico.
Queremos deixar aqui todo o nosso agradecimento a Professora Paula que têm doado tanto amor às nossas meninas durante as Oficinas. As aulas são um momento de transformação para cada uma e é muito bom poder acompanhar essas histórias de perto.
Que tantas outras mulheres, assim como nossa guerreira Silvia, possam se encontrar na arte ou em outra atividade que encante seus corações.
Se você está passando pelo câncer de mama, não deixe de vir conhecer o Instituto Peito Aberto, temos uma semana toda programada (confira aqui nossa agenda) para caminhar junto com nossas guerreiras durante essa luta. Você não está sozinha!