Os medos que senti!
Ao ouvir o diagnóstico do câncer de mama, muitos são os medos que passam pela cabeça da paciente. Medo de que o cabelo caia durante a quimioterapia, medo por ter que fazer a retirada da mama, medo de morrer, medo, medo, medo. Mas que outros medos teriam as mulheres que passam pelo câncer de mama?
Perguntamos a algumas de nossas guerreiras, que já venceram o câncer, quais foram os medos que elas sentiram durante o diagnóstico e tratamento de câncer de mama e de que forma elas lidaram com esses medos.
Adriana Parro revela que a primeira coisa que passou pela sua cabeça quando soube da doença foi o medo de deixar sua filha Giulia.
Eu pensei na morte mas não com medo e sim com pena da Giulia. Como seria a vida dela sem mim? Como ela entenderia o fato de nunca mais me ver? O que ela sentiria ou pensaria? Eu não tive medo da morte mas sim de deixar minha filha sozinha.
Fabiana Parro, que lutou contra um câncer de mama triplo negativo, um dos mais agressivos, e que hoje é Diretora Geral do Instituto Peito Aberto, também fala sobre o maior medo que sentiu. Como ela fez uma cirurgia de grande porte para retirada de toda a mama e de todos os linfonodos, para a reconstrução da mama foi necessário utilizar um retalho do músculo grande dorsal das costas para cobrir a prótese e protegê-la da radioterapia. Todo esse processo comprometeu os movimentos de seu braço.
“Na época eu tinha muita dificuldade para fazer alguns movimentos e quando cheguei no oncologista ele começou a explicar quais seriam os próximos passos dali para frente e que em hipótese alguma eu poderia pegar peso.”
O médico falou que ao carregar peso, Fabiana poderia causar um edema e até mesmo uma sequela em seu braço. Nessa época seu filho Arthur tinha apenas um ano e três meses e ouvir a notícia a abalou muito.
Eu acho que foi a pior coisa que eu ouvi. Pior do que ficar careca. Pior do que ficar sem a mama e do que ficar com cicatrizes. Pior que tudo isso, foi ouvir que eu provavelmente não poderia mais pegar meu filho no colo.
Isabela Galvez que hoje é Presidente do Instituto Peito Aberto, também dividiu conosco um medo que a afligiu durante o câncer. Ela lembra que sua mãe passou pelo câncer de mama três vezes e que sofreu com um edema no braço e com as sequelas causadas por ele. Ela conta também que assim como a mãe dela, não pode parar de fazer suas atividades normais durante o tratamento.
Eu pensava, meu Deus do céu será que é só eu me cuidar? Será que vai dar certo? Eu vou ter que ficar fazendo drenagem? Eu pensava muito nesse comprometimento com a doença, que era uma coisa que eu não queria. Eu queria curar, sarar e ir para frente, com cicatriz ou sem cicatriz.
As meninas nos contaram também como fizeram para lidar com todos esses medos. Adriana Parro relata que seu medo foi justamente o que lhe deu forças para lutar durante o câncer, porque ela queria muito viver para cuidar de sua filha.
”Foi esse sentimento que me fez forte para aguentar, lutar e vencer! Porque no fundo acho que meu objetivo, minha única vontade, era viver por ela!”
Já Fabiana teve muito apoio de seu marido Lucas que a motivou a lutar pelo seu objetivo de carregar o filho. Lucas mostrou a Fabiana casos de pessoas que tiveram membros do corpo amputados, que estavam correndo, nadando, se exercitando e que não se entregaram por conta de suas limitações.
Foi aí que eu comecei a fazer fisioterapia todos os dias. Quando o fisioterapeuta me liberou, eu já comecei a fazer também exercício para o braço. De lá para cá nunca mais parei. Hoje eu levanto muito peso. Não carrego mais o meu filho porque ele tem 8 anos e é do meu tamanho, mas carrego o meu sobrinho que tem 3 aninhos. Não deixei de fazer nada, não tenho limitação nenhuma no meu braço.
Fabiana pondera também, que todo esse resultado positivo em sua recuperação é fruto de muita garra e determinação.
”É um trabalho constante. Eu tenho que fazer atividade física e exercício com meu braço todos os dias. Se eu parar de fazer aí eu já sinto dificuldade.”
Isabella afirma que o que deu forças a ela, foi passar pela luta do câncer junto com sua prima Fabiana, porque uma fortaleceu a outra durante a jornada e também ter o apoio de sua família.
Todos esses medos nos mostram o quanto é importante não desistir sob nenhuma circunstância. Se você está passando pelo câncer de mama saiba que estamos aqui para te apoiar. Quando estamos juntas a luta fica mais leve e nossos medos também.
Nós temos um espaço aqui no site para que mulheres que estão lutando contra o câncer contem a sua história, se você estiver lendo esse texto e também quiser dividir com a gente seus medos e suas vitórias é clicar nesse link e mandar a sua mensagem: https://peitoaberto.org.br/diario/
Sua história pode ajudar muitas outras guerreiras em luta contra o câncer de mama!